Uma das séries mais icônicas da geração passada, que angariou milhões de fãs no Playstation 2, Devil May Cry ganhou seu mais novo e polêmico capitulo. Intitulado de DmC: Devil May Cry, o reboot da Capcom traz um Dante completamente renovado, sem seus característicos cabelos brancos, o que provocou muita polêmica. Mas antes de voltar a matar demônios, porque não rever a história da série?
Devil May Cry
Não é exagero dizer que Devil May Cry revolucionou os games de ação de modo bem significativo. Aproveitando as inovações gráficas e apostando em muita velocidade, o primeiro jogo da série criou - praticamente sozinho - um novo estilo de hack and slash, trazendo batalhas contra inúmeros inimigos, uma incrível combinação de combos e batalhas com chefes memoráveis, tudo isso levado por uma trilha sonora que misturava rock pesado com música eletrônica.
A jogabilidade era baseada em um sistema de combos que recompensava o jogador com pontos e que, posteriormente, poderiam liberar novas habilidades. A grande sacada da equipe de Hideki Kamiya foi apostar na variedade de combos possíveis, misturando espadas com armas de fogo, tornando divertido até as coisas simples e difíceis - como eliminar um inimigo fácil ou detonar um chefe bem complexo.
O protagonista Dante e o elenco de personagens foram um dos grandes trunfos do game, assim como da série. Com um visual claramente inspirado nos heróis dos animes, o anti-herói carismático criado pela Capcom rapidamente se tornou um dos mais icônicos do Playstation 2, o que ajudou a criar uma legião de fãs, contribuindo para os bons números de vendas, principalmente no Japão, garantindo a sua sequência.
Devil May Cry 2
O título chegou às lojas em 2003 com grande antecipação, graças ao sucesso do primeiro game. A grande dúvida era se a Capcom conseguiria manter não apenas o nível da aventura original, mas ser tão inovadora quanto. Decidindo apostar no certo, o segundo game da franquia trouxe poucas inovações. Além de alguma evolução na jogabilidade (tornando-se mais fluída e rápida, como a possibilidade de esquiva) e melhores gráficos, a grande novidade do game foi a possibilidade de controlar mais de um personagem. Além de Dante, o jogador também tinha a opção de jogar com Lúcia, a co-protagonista do game.
Embora não se possa dizer que Devil May Cry 2 seja uma game franco – longe disso – ele não causou nem de perto o impacto que se esperava, sendo uma continuação que perdeu muito peso em comparação com o game original, algo que foi percebido por público e crítica. Mas a diversão prometida pela série estava lá, com batalhas frenéticas, chefes difíceis e o mesmo visual cool. O resultado disto foram vendas boas, embora inferiores ao primeiro game da série, o que serviu como alerta para a Capcom, um sinal de que deveria se esforçar mais em uma das suas principais apostas para o Playstation 2.
Devil May Cry 3
O resultado deste esforço foi Devil May Cry 3: Dante’s Awakening, lançado em 2005 para PS2 e, pela primeira vez, para PC. Contanto a história da origem de Dante, o terceiro game da franquia chegou com a responsabilidade não apenas de superar seu morno antecessor, mas fazer frente a uma série de concorrentes que já traziam um estilo de jogo bem similar. Ao que parece, a Capcom e a equipe liderada pelo diretor Hiadeki Itsuno trabalhou bem sob pressão, pois Devil May Cry 3 é, sem dúvidas, o ponto alto da série.
O grande trunfo do game foi apostar naquilo que os fãs queriam, exagerando em absolutamente todos os aspectos do game, mas sempre no bom sentido. De longe o game mais difícil da série, e um dos mais difíceis da sua geração, Devil May Cry 3 conseguiu entregar um senso de recompensa que poucos conseguem até hoje. Ao longo de 32 missões, o jogador passava por alguns dos combates mais frenéticos dos games e, ao final de cada um, era avaliado em um ranking. Quanto melhor avaliado, melhor a pontuação para destravar novas skills. Além das habilidades, a própria aparência de Dante era modificada, garantindo o apego do jogador ao personagem.
Outra inovação do jogo foram as opções de combate, onde o jogador podia escolher entre até seis formas diferentes que variavam a maneira como Dante lutava, assim como a distribuição e suas habilidades. De certa forma, era uma “colher de chá”, que permitia que jogador se sentisse mais confortável em determinado estilo contra um ou outro chefe.
Mas Devil May Cry 3 não era apenas batalhas, visual e chefes difíceis. Devil May Cry 3 contava também com uma boa história. O embate entre Dante e o seu irmão gêmeo, Vergil, marcou os jogadores, com o último se tornando tão querido pelos fãs quanto o próprio protagonista. A verdade é que se houve algum problema com o terceiro game da franquia, foi justamente ter tornado os jogadores mais exigentes. Um problema que iria se manifestar em sua sequência.
Devil May Cry 4
Lançado para o Playstation 3, Xbox 360 e PC, Devil May Cry 4 foi a estreia da série na nova geração, carregando todo o peso de seu antecessor - além da expectativa sobre o que a série poderia entregar agora em com gráficos em 3D. A competição era feroz, e havia um certo guerreiro espartano que já havia conquistado os fãs de hack n’ slash há algum tempo. Mas sem medo de arriscar, a Capcom apostou alto e entregou um game, no mínimo, polêmico.
É preciso ter coragem para mudar o protagonista de uma de suas principais franquias, e a Capcom fez mais que isso. Não apenas a estrela de Devil May Cry 4 agora era um jovem chamado Nero, mas Dante aparentemente havia se tornado o vilão do game. Mesmo que ambos tivessem praticamente o mesmo visual, o que amenizou um pouco o choque nos fãs da série, não foram poucos que vociferaram contra a decisão na internet, o que apenas gerou mais hype para o seu lançamento.
Graficamente, o novo jogo era um espetáculo. Abusando dos efeitos que o PS3 possibilitava, as batalhas contra chefes eram shows de efeitos de luz e explosões, tornando tudo ainda mais rápido e violento. A grande mudança na jogabilidade em relação ao sistema de armas - agora era concentrado no braço demoníaco de Nero - que ganhava novas habilidades a cada batalha contra chefes.
Contudo, Devil May Cry 4 sofreu do mesmo mal que o segundo game da franquia, embora fosse claramente superior a este. A comparação com o terceiro game e o hype gerado em torno de seu lançamento acabaram por criar uma certa antipatia da indústria, além da troca de protagonistas ter sido encarada muito mais como uma ação de marketing da Capcom do que de fato uma escolha artística por parte da empresa. Mesmo com notas boas de sites e revistas especializados e de boas vendas, o game não fez o barulho que se esperava dele.
Isto fez com que a Capcom repensasse o futuro da série, e o mercado passou um bom tempo sem ouvir ter ideia de quais seriam os próximos passos de Devil May Cry. A verdade é que, mesmo com uma grande legião de fãs leais e boas vendas no Japão, a empresa considerava a franquia “oriental” demais, o que refletia em números menores nos EUA e parte da Europa. Então, decidiram tomar uma decisão ainda mais radical do que no último game. A Capcom decidiu refazer Devil May Cry do zero.
DmC: Devil May Cry
Na Tokyo Game Show de 2010, a empresa fez o anúncio de um novo game da franquia, que prometia revitalizá-la nesta geração, apresentando Dante para uma nova geração de jogadores. Mas poucos imaginaram que as mudanças seriam tão radicais quanto as que foram mostradas no trailer exibido no evento.
Feito pela Ninja Theory, que já havia causado uma boa impressão Heavenly Sword, o novo game foi chamado apenas de DmC, e trazia um Dante jovem, magro, de cabelos escuros e supostamente se passa em uma realidade alternativa. As críticas foram gigantescas, chamando o novo protagonista de “emo-Dante”. A Ninja Theory assumiu que o visual não agradou a todos e afirmou que aquele não era o produto final e que ainda precisava ser trabalhado. O que de fato aconteceu.
E é este Dante, repaginado, com novo visual, que chega às lojas esta semana, com a missão de resgatar uma das séries mais queridas pelos gamers e que, ao seu próprio modo, é única, se diferenciando de muita coisa que é feita hoje em dia na indústria. A grande é questão se DmC irá agradar não apenas aos fãs, mas também o público geral, o grande alvo desta reformulação proposta pela Capcom.
Fonte: Tribogamer
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