"Não sou o rei da pirataria. Sou um bode expiatório"
O criador do MegaUpload, Kim Dotcom, concedeu, esta semana, sua primeira entrevista após sair da cadeia, em Auckland, na Nova Zelândia. Kim foi preso em meio a uma operação que envolveu o uso de helicópteros, carros táticos e dezenas de policiais.
Acusado pelo FBI de promover a pirataria em massa e ficar milionário à custa do desrespeito às regras de proteção autoral, Kim defendeu-se das acusações e atacou gigantes da web, como o Google. O vídeo completo pode ser visto, em inglês, no site da emissora neozelandesa 3 News. Abaixo, os trechos mais importantes.
Acusações do FBI
"Sou um bode expiatório. Tenho um passado hacker, não sou americano, não tenho US$ 50 bilhões na conta bancária. As acusações contra mim são insanas. Dizem que o Megaupload causou prejuízos de 500 bilhões aos estúdios. É totalmente bizarro isso, pois a indústria americana fatura por ano US$ 20 bilhões. Você realmente acredita que se os estúdios tivessem prejuízos bilionários ficariam sentados, sem nos processar?
Ataque ao Google
"A Viacom processou o Google por pirataria e o Google venceu baseado no fato de que ele não pode controlar o que seus usuários postam na web. Por que com o MegaUpload é diferente? Há diversos serviços na internet que fazem o mesmo que a gente, como o MediaFire, um site americano, hospedado dentro dos Estados Unidos, o RapidShare e até o SkyDrive, da Microsoft. Dizem que o Google entrará no mercado de compartilhamento, como o G Drive. Então, não sou criminoso. Todos estamos no mesmo negócio, que é oferecer soluções para armazenar arquivos".
Origem de sua fortuna
"Sou um inovador, criei um site que é popular e que as pessoas adoram. O MegaUpload solucionou um problema que os usuários tinham para enviar arquivos grandes uns para os outros. Você não precisa comprar um servidor para trocar arquivos legais, pode usar nossa infraestrutura.. e de graça. O dinheiro que ganhei é fruto do meu trabalho, da minha competência. Não sou um criminoso, não há nada ilegal no que faço".
Dias na cadeia
"O que mais me preocupou durante todo o tempo em que estive preso foi minha família, seu sofrimento com as notícias a meu respeito. Foi tudo uma grande surpresa para mim, pois ao longo de sete anos de MegaUpload fomos processados uma única vez e não por um estúdio. Temos acordo com 180 empresas, entre elas a Microsoft e vários estúdios. Estes parceiros têm acesso direto a nós e podem denunciar conteúdos ilegais hospedados no MegaUpload, que são prontamente removidos. Nós gastamos muito dinheiro com assessoria jurídica e sempre me disseram que nós estávamos seguros, dentro da lei. Então, esta prisão e as acusações de rei da pirataria foram uma grande surpresa".
Conteúdo ilegal
"Eu não posso monitorar o que meus usuários fazem. As leis de privacidade não permitem isso. Se alguém manda um e-mail por meio servidor, não posso bisbilhotá-lo. Também não posso abrir seus arquivos e checar o que ele anda fazendo. Este é o dilema de muitos outros serviços na web. Nós não somos responsáveis pelo conteúdo dos usuários. O que acontece neste momento é que o FBI está tentando proteger os estúdios e me usando como bode expiatório. O que os estúdios não entendem é que seu modelo de negócios não vai funcionar mais no mundo de hoje, com as pessoas conectadas".
Fonte: Info/Abril
Nenhum comentário:
Postar um comentário